Gêmeos uni e bivitelinos
CONSIDERAÇÕES SOBRE GÊMEOS:
Como se formam os gêmeos iguais, univitelinos, e os gêmeos
diferentes ou dizigóticos?
Em 2/3 das gestações gemelares, os gêmeos são bivitelinos,
portanto não são idênticos; em 1/3 são univitelinos, portanto idênticos.
Os gêmeos não-idênticos são formados pela fecundação de dois óvulos por dois espermatozóides. Na verdade, podem ou não ter o mesmo sexo e equivalem a duas gestações que se desenvolvem ao mesmo tempo e no mesmo ambiente.
Já os univitelinos ou idênticos formam-se quando um único óvulo, fecundado por um só espermatozóide, sofre posteriormente uma divisão. Logo, gêmeos idênticos têm necessariamente mesma carga genética e mesmo sexo.
Os gêmeos não-idênticos são formados pela fecundação de dois óvulos por dois espermatozóides. Na verdade, podem ou não ter o mesmo sexo e equivalem a duas gestações que se desenvolvem ao mesmo tempo e no mesmo ambiente.
Já os univitelinos ou idênticos formam-se quando um único óvulo, fecundado por um só espermatozóide, sofre posteriormente uma divisão. Logo, gêmeos idênticos têm necessariamente mesma carga genética e mesmo sexo.
Faz
diferença a gestação de gêmeos idênticos ou não-idênticos?
O que faz diferença nas
gestações gemelares é o número de placentas. Quando são duas placentas, uma
para cada feto, a gestação é menos complicada, mas será mais complicada se
houver apenas uma placenta para os dois fetos.
Gêmeos não-idênticos obrigatoriamente têm duas placentas. Entretanto, somente de 10% a 15% dos gêmeos idênticos têm placentas separadas.
Gêmeos não-idênticos obrigatoriamente têm duas placentas. Entretanto, somente de 10% a 15% dos gêmeos idênticos têm placentas separadas.
POSSÍVEIS CAUSAS
O normal é a mulher liberar apenas um óvulo que será fecundado por
um único espermatozóide e dará origem a um só feto. Por que algumas mulheres
eliminam dois óvulos ao mesmo tempo ou um óvulo que depois de fecundado dá
origem a dois embriões?
Existem várias teorias para explicar o caso dos gêmeos não
idênticos. Uma delas defende que a elevação de certos hormônios estimula a
liberação dos óvulos e por isso as gestações gemelares são mais frequentes
entre os 30 e 37 anos da mulher. Outra levanta a possibilidade de que essa
elevação hormonal esteja associada a alguns tipos de alimentos. Já se constatou
também que a frequência dessas gestações é pequena entre os orientais e um
pouco menor entre os brancos do que entre os negros.
Quanto à gestação de gêmeos idênticos provenientes de um único óvulo, as teorias são muitas, mas nada de muito concreto foi encontrado para explicar por que isso acontece. Parece não haver dúvida, porém, de que não há componente genético envolvido, ao contrário do que acontece com os gêmeos não idênticos.
Quer dizer que certas famílias podem concentrar número maior de gêmeos não-idênticos?
Quanto à gestação de gêmeos idênticos provenientes de um único óvulo, as teorias são muitas, mas nada de muito concreto foi encontrado para explicar por que isso acontece. Parece não haver dúvida, porém, de que não há componente genético envolvido, ao contrário do que acontece com os gêmeos não idênticos.
Quer dizer que certas famílias podem concentrar número maior de gêmeos não-idênticos?
Quando existem gêmeos não
idênticos numa família, a chance de acontecer um novo caso é dez vezes maior do
que em famílias sem história de gestações gemelares.
Pesa
mais a família do lado paterno ou materno?
Para gêmeos não idênticos, parece que a influência maior é
exercida pelo lado materno; já para os idênticos, não se observa a mesma
relação.
DIAGNÓSTICO: SÃO GÊMEOS
Em geral, as gestações começam todas da mesma maneira: um atraso
menstrual, sonolência, às vezes enjoo ou uma sensação de cansaço inexplicável.
A partir de que momento é possível fazer o diagnóstico de uma gravidez gemelar
e como ele é feito?
Existe o conceito de que o nível da gonadotrofina coriônica é mais
elevado na gestação gemelar e que a gestante têm enjoos mais intensos. Se isso
é verdadeiro em alguns casos, não o é em muitos outros. Por isso, o diagnóstico
definitivo depende do exame ultrassonográfico. O ideal é que seja feito no
início da gravidez, nos primeiros três meses, quando se consegue definir, no
caso dos gêmeos idênticos, se cada um terá sua própria placenta, o que
facilitará muito o acompanhamento posterior da gestação.
A partir de quantas semanas o ultrassom detecta a gestação
gemelar?
Já a partir de cinco ou seis semanas, o ultrassom consegue
detectar gêmeos não idênticos, porque existem duas bolsas e duas placentas
separadas. Gêmeos idênticos, com uma placenta só, são diagnosticados mais
tarde, com seis ou sete semanas. Mesmo assim, é arriscado cometer um erro de
diagnóstico: imagina-se que se trata de uma gestação única e depois se descobre
que são dois bebês.
IMPORTÂNCIA DA PLACENTA
Qual
a importância de existirem uma ou duas placentas?
Nas gestações de gêmeos não idênticos existem sempre duas
placentas. Portanto, não seria exagero dizer tratar-se de duas gestações
independentes, embora simultâneas e ocorrendo no mesmo ambiente e que, por
isso, os bebês podem apresentar diferença de peso, altura, sexo, etc.
Quanto aos idênticos, em 90% dos casos, há só uma placenta, o que pode acarretar maiores complicações, pois, além de dividirem os nutrientes necessários para seu desenvolvimento, a circulação sanguínea de ambos se comunica através dessa placenta. Nos 10% restantes, em que cada um tem a sua placenta, a probabilidade de ocorrer um problema é sempre menor.
Quanto aos idênticos, em 90% dos casos, há só uma placenta, o que pode acarretar maiores complicações, pois, além de dividirem os nutrientes necessários para seu desenvolvimento, a circulação sanguínea de ambos se comunica através dessa placenta. Nos 10% restantes, em que cada um tem a sua placenta, a probabilidade de ocorrer um problema é sempre menor.
Nessa divisão, um dos gêmeos univitelinos pode levar vantagem
sobre o outro?
Maria de Lourdes Brizot – Pode e isso explica que, em determinada fase
da gestação, um seja muito menor do que o outro. Mas a diferença não fica só no
peso. Se acontecer alguma complicação e um deles for a óbito, o outro poderá
sofrer consequências uma vez que a circulação dos dois passa pela mesma
placenta, na maioria dos casos.
O que acontece quando no comecinho da gestação, ainda no primeiro
trimestre, morre um dos embriões e o outro fica vivo?
No caso de uma única
placenta, na maioria das vezes, o embrião que morreu vai diminuindo de tamanho,
é reabsorvido e, a partir de determinado momento, não será mais identificado.
Quando isso acontece em fase precoce, não repercute de forma alguma na gestação
do sobrevivente. Se as placentas são independentes, então, o que ocorre com um
não interfere no desenvolvimento do outro.
E se o óbito ocorrer quando os fetos forem maiores?
Tudo depende do número de placentas. Se cada um tem a sua, a
gestação continuará normalmente para o feto que permanecer vivo.
Existe risco de o feto que morreu ser eliminado através do colo
uterino?
Existe o risco, mas não é
grande. Na maioria das vezes, a gestação evolui bem, sem risco de abortamento
nem de parto prematuro ou mais complicado. Dependendo da fase da gestação em
que ocorreu o óbito, ele pode nem ser percebido na hora do parto.
CUIDADOS COM A GESTAÇÃO GEMELAR
A gestação gemelar pode apresentar mais problemas do que a
gestação de um só bebê. Que tipo de medidas devem adotar o obstetra que
acompanha o caso e a mãe que está gestando dois bebês?
Nesse sentido, cuidados, preocupações e alegrias são proporcionais
ao número de bebês. Como consequência, os cuidados com a gestante que vai ter
gêmeos têm de ser maiores, porque as modificações em seu organismo são
diferentes do que as que ocorrem numa gestação única.
Na gestação gemelar, o volume do útero e do sangue aumenta quase o dobro e, em termos de nutrição, as necessidades serão muito maiores. Além disso, a grávida de gêmeos corre maior risco de apresentar hipertensão, diabetes e parto prematuro. Consequentemente, as visitas ao obstetra assim como os exames ultrassonográficos precisam ser mais frequentes.
No que se refere ao feto, como já dissemos, as complicações estão mais relacionadas ao número de placentas. Gêmeos idênticos com uma única placenta são mais vulneráveis do que os que possuem placentas independentes e do que os não idênticos.
Na gestação gemelar, o volume do útero e do sangue aumenta quase o dobro e, em termos de nutrição, as necessidades serão muito maiores. Além disso, a grávida de gêmeos corre maior risco de apresentar hipertensão, diabetes e parto prematuro. Consequentemente, as visitas ao obstetra assim como os exames ultrassonográficos precisam ser mais frequentes.
No que se refere ao feto, como já dissemos, as complicações estão mais relacionadas ao número de placentas. Gêmeos idênticos com uma única placenta são mais vulneráveis do que os que possuem placentas independentes e do que os não idênticos.
Há maior risco de malformação congênita em gravidez gemelar?
Não é que isoladamente cada feto corra maior risco. A gestação em
si é que pode apresentar algum tipo de problema, porque na verdade são dois
fetos que se desenvolvem no mesmo momento.
Qual
a rotina dos exames de ultrassom na gravidez de gêmeos?
Sempre se costuma pedir um ultrassom por volta da sétima ou oitava
semana para firmar o diagnóstico de gêmeos. Depois, na 12ª semana, é feito o de
translucência nucal, que revela também quantas placentas existem.
A seguir, os exames de ultrassom são repetidos mais ou menos uma
vez por mês para quem tem duas placentas e, eventualmente, num intervalo menor
quando a placenta é só uma.
REPRODUÇÃO ASSISTIDA
O que justifica a incidência aumentada das gestações gemelares nos
casos de fertilização in-vitro?
A reprodução assistida
provocou aumento grande de gestações gemelares ou múltiplas. O ideal nesses
tratamentos – pelo menos, o que o especialista e a maioria dos casais desejam –
é que tenha sucesso a gestação de um único bebê, de dois no máximo, porque
assim a gravidez estará sujeita a menos complicações. No entanto, é difícil
obter esse resultado implantando apenas um ou dois embriões. Na maioria das
vezes, transferem-se três ou quatro para assegurar o sucesso do tratamento.
Na verdade, esses embriões são fertilizados fora do organismo
materno e depois transferidos para o útero da mulher. Pelo que você está
explicando, implantam-se três ou quatro embriões com o intuito de que pelo
menos um deles sobreviva e leve a gravidez até o final.
Sabe-se que nem todos os embriões transferidos irão se desenvolver
normalmente. Às vezes, transferem-se quatro e nenhum se torna viável; às vezes,
os três que foram transferidos evoluem sem problemas e, ainda, pode acontecer
que um deles se divida em dois.
Para haver controle desse processo, precisaria enxertar apenas um
embrião.
Transferir um embrião apenas poderia aumentar as chances de
controle, mas diminuiria as de conseguir uma gestação.
Como cabem três ou quatro fetos na barriga de uma mulher?
Cabem, porque o útero vai se adaptando até atingir certo limite de
distensão. Por isso, quanto maior o número de bebês, mais precoce o nascimento.
A idade gestacional de quadrigêmeos é, em média, de 31 semanas; a de trigêmeos,
aproximadamente 34 semanas e os gêmeos nascem por volta da 36ª semana, ou seja,
quando a mãe está entrando no nono mês de gravidez. Esse adiantamento do parto
explica algumas complicações que advêm de gestações múltiplas.
TIPO DE PARTO
Quais são as complicações que podem ocorrer na hora do parto?
A maioria dos partos de gestações múltiplas é por via alta, isto
é, por cesariana. No caso de gêmeos, o parto normal é possível dependendo da
posição em que estejam os bebês. O ideal é que os dois estejam de cabeça para
baixo, o que acontece em 40% dos casos. Nos outros 40%, o número 1 está de
cabeça para baixo e o número 2, numa posição diferente. Isso dificulta a
realização do parto normal, mas mesmo assim ele pode ser feito, porque existem
algumas manobras que facilitam o nascimento do segundo bebê. Quando nenhum dos
dois está com a cabeça para baixo, a cesária é o procedimento indicado. Em se
tratando de trigêmeos ou quadrigêmeos, o indicado é sempre o parto por via
alta.
No
caso de gêmeos, qual tem o parto mais difícil?
Na maioria das vezes, a complicação é maior no segundo gemelar. Às
vezes, ele não está em posição favorável ou as contrações não são suficientes
para expulsá-lo.
RESPEITANDO AS DIFERENÇAS
Quando os gêmeos univitelinos começam a manifestar diferença de
personalidades?
Já no intraútero, os gêmeos apresentam diferença de resposta ao
meio ambiente ou a qualquer tipo de agressão, tanto que um problema pode
manifestar-se apenas num deles. Diria também que nos exames de ultrassom é
possível observar, por exemplo, que um é mais agitado e o outro, mais calmo.
Essas diferenças acentuam-se no pós-natal. É sempre bom lembrar que mesmo os gêmeos idênticos são pessoas diferentes, com personalidades diferentes apesar de geneticamente iguais. Daí, a importância de os pais individualizarem a forma de tratar, vestir e educar essas crianças.
Essas diferenças acentuam-se no pós-natal. É sempre bom lembrar que mesmo os gêmeos idênticos são pessoas diferentes, com personalidades diferentes apesar de geneticamente iguais. Daí, a importância de os pais individualizarem a forma de tratar, vestir e educar essas crianças.
É interessante notar que, muitas vezes, gêmeos idênticos vão
perdendo a semelhança com a passagem dos anos.
Isso acontece porque cada um desenvolveu suas próprias
características. Há, porém, outros que se parecem muito ao longo da vida, e até
colaboram para perpetuar essa semelhança. Há dois gêmeos americanos, um é
médico e o outro é físico, que cuidam de uma fundação nos Estados Unidos e
fazem questão de manter a semelhança física. Na verdade, entre eles existe algo
que vai além da convivência e, embora o lado genético tenha influência muito
forte nessa ligação, eles se esforçam por mantê-la intensa a ponto de o físico,
por exemplo, participar dos congressos médicos sobre gêmeos. Obviamente, há
gêmeos que querem diferenciar-se e essa é a conduta mais habitual.
AMAMENTAÇÃO
A tarefa de amamentar uma criança já não é muito fácil. Como as
mães dão conta de amamentar dois ou mais bebês que podem chorar de fome ao
mesmo tempo?
A mãe pode amamentar um bebê enquanto o outro dorme, ou pode
amamentar os dois concomitantemente, colocando um em cada mama. Se desse modo
consegue diminuir as horas que passa dando de mamar e estabelecer um horário
para a amamentação, por outro tem de repartir a atenção entre as duas crianças
enquanto as alimenta.
Quando a mãe tem três ou quatro filhos gêmeos, amamentar torna-se
uma tarefa difícil de cumprir?
A tendência é que as mães de múltiplos, com três ou quatro filhos
amamentem menos do que as que tiveram gestações únicas. Isso acontece não
porque o leite seja necessariamente insuficiente, mas porque o trabalho é muito
maior e requer ajuda de profissionais.
Glossário:
Blastócitos: célula embrionária não-diferenciada.
Dizigóticos: relativo ou pertencente a dois zigotos
diferente; que procede de zigotos diferentes.
Monozigóticos: proveniente de um único óvulo; univitelino.
Fenótipo: conjunto dos caracteres que se manifestam
visivelmente em um indivíduo e que exprimem as reações do seu genótipo (isto é,
de seu patrimônio hereditário), diante das circunstâncias particulares de seu
desenvolvimento e em face de seu meio.
Genótipo: conjunto dos fatores hereditários que entram na
constituição de um indivíduo ou de uma linhagem.
Blastômeros: primeira célula proveniente da divisão do ovo
fecundado.
Blastocistos: é um embrião em estágio avançado de
desenvolvimento. É a fase em que o embrião se implanta na parede do útero.
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